terça-feira, 30 de maio de 2017

Alunos do Grupo de Paleontologia recebem prémio de 2º lugar no XII Congresso Cientistas em Ação – Centro de Ciência Viva de Estremoz

Quatro alunos dos 6º e 7º anos do Grupo de Paleontologia concorreram ao XII Congresso Cientistas em Ação, promovido pelo centro de Ciência Viva de Estremoz: Rodrigo Araujo, Joâo Cazalta, Inês Chelinho e Joâo Roboredo com o trabalho Pegadas de dinossáurios na serra do Bouro: «pegadas estranhas»! Enviaram o resumo, construíram um poster e fizeram a sua apresentação perante um júri e um público interessados.





Eis o resumo enviado: Pegadas de dinossáurios da serra do Bouro: pegadas estranhas Rodrigo Araújo João Cazalta, Inês Chélinho, João Reboredo1 & Celestino Coutinho2 Agrupamento de Escolas de Paço de Arcos – Grupo de Paleontologia (GP) O registo fóssil é importante para conhecermos a vida no passado., especialmente o registo osteológico que fornece dados sobre os animais – taxonomia, dimensões, tipo; mas o registo icnológico, sobretudo o das pegadas e pistas, complementa-o, revelando dados que o registo esquelético não fornece. É o caso de vários tipos de comportamentos, capacidade locomotora e dinâmica da progressão, postura, estilo de vida e hábitos de vida. Acresce que para uma dada formação geológica a preservação dos dois tipos de fósseis é quase antagónica, implicando que a preservação de pegadas e de esqueletos raramente coexistam. Em Portugal, o registo fóssil de pegadas de dinossáurios mesozóicos é significativo. É tão importante que por vezes suplanta o registo esquelético, especialmente o dos autopodes, membros e cinturas. O que implica que temos maior número de morfologias distintas de pegadas e de configurações de pistas do que esqueletos, de onde deriva o célebre «síndrome da Cinderela» - tentar encaixar os (escassos) esqueletos com a grande variedade de pegadas/pistas reconhecida. Entre os dinossáurios que mais nos espantam estão os colossais saurópodes, os maiores herbívoros que alguma vez pisaram terra, e, especialmente depois do filme “Jurassic Park”, os terópodes raptores, do grupo dos deinonicossáurios, como o célebre Velociraptor. As capacidades terrestres dos saurópodes estão evidenciados pela morfologia dos membros e ossos axiais, mas são muito mais espantosas quando analisamos o seu registo icnológico, De fato, para além de fornecerem evidencias sobre as capacidades de progressão em terra firme, pegadas e pistas fornecem dados temporais, espaciais e indicam caraterísticas que permitem estabelecer hipóteses sobre a evolução da locomoção. Mas também são ferramenta essencial para tentarmos reconhecer os principais subgrupos produtores de um registo icnológico que surge como cada vez mais diferenciado: largura interna das pistas, heteropodia, morfologias distintas tanto de pés como de mãos, localização relativa das pegadas das mãos, morfologia, dimensões relativas e orientação dos unguais e dígitos, …Para além dos morfotipos conhecidos (e previstos), podem-se distinguir outros icnomorfotipos de origem saurópode que não correspondem à anatomia autopodial de nenhum taxon conhecido através do registo esquelético. Assim, tentamos analisar os vários morfotipos de pegadas e pistas reconhecidos, em todas as suas possíveis combinações, tentando correlacionar cada um deles com o subgrupo que representa o mais provável candidato autor, utilizando sinapomorfias (caraterísticas exclusivas) e distribuições temporais e espaciais. Por outro lado, a questão “os saurópodes, os maiores herbívoros terrestres da história da Terra, formavam grupos monoespecíficos ou estes grupos incluíam diferentes espécies?“ (como acontece atualmente com os grandes ungulados das savanas africanas) há muito que está em debate e o registo osteológico é relativamente escasso para fornecer evidências inequívocas. Estes herbívoros eram presas de dinossáurios predadores – os terópodes, mas o reconhecimento de pistas destes bípedes sincrónicos com as dos saurópodes não é muito abundante no nosso País. A descoberta de uma nova jazida do final do Jurássico na serra do Bouro e a sua análise poderá permitir responder a algumas estas questões. Neste trabalho pretendemos identificar e reconhecer um «novo» tipo de pista de saurópode, cuja atribuição a um determinado grupo taxonómico de saurópodes é difícil. Por outro lado, pode confirmar, pela segunda vez a nível mundial, a coexistência e passagem em simultâneo de dois tipos distintos de saurópodes. E permite reconhecer um segmento de pista de terópode que, apesar da má qualidade da preservação, poderá representar a evidência mais antiga da passagem de um deinonicossáurio (o grupo que inclui os famosos «velociraptores») a nível mundial. A jazida, a que chamamos de Bouro 1, foi descoberta em 1995 por um professor de Geografia das Caldas da Rainha, num local conhecido por “Pedras Negras”. Em muitas saídas sucessivas posteriores, colegas do GP limparam e removeram terras, arbustos e entulho, colocando à vista mais exemplares em diversos afloramentos deste nível calcário do final do Jurássico (Kimmeridgiano). Continuámos a limpar e a remover terras de cobertura, mapeámos para manga plástica e acetato pegadas e pistas, fotografámos as amostras, analisámos este registo. Abordámos os diferentes tipos de pegadas e pistas de saurópodes reconhecidos e as inferências relativamente à sua origem a nível taxonómico mais elevado. Analisámos e comparámos este registo fóssil com o reconhecido a nível mundial. Tentamos inferir qual o grupo de saurópodes que poderia ter sido responsável pelo novo “tipo” de pegadas/pista. Analisámos o registo icnológico atribuído a deinonicossáurios a nível mundial e comparámos esta ampla amostra (mas só descoberta e identificada recentemente) com o pequeno segmento de pista identificado num dos afloramentos do Bouro I.

Link para o poster:
Link para o powerpoint: 

Sem comentários:

Enviar um comentário