quinta-feira, 22 de maio de 2014

AFINAL, OS DINOSSÁURIOS TAMBÉM IAM À PRAIA

Os alunos do 9º anos concorreram com os trabalho “Afinal, os dinossáurios também iam à praia”,  acabaram ambos em 1º lugar, ex aequo.



Numa saída de campo realizada em plenas férias da Páscoa à jazida da pedreira da Ladeira (concelho de Porto de Mós), para observar e analisar a grande diversidade e excelente preservação de muitos invertebrados marinhos, estes alunos acabaram por descobrir pegadas de dinossáurios. Estas pegadas, quase todas atribuíveis a bípedes herbívoros, mostram animais deslocando-se dentro de água, com quase 1,5m de altura., tocando nos fundos lodosos apenas com as pontas dos dedos – são mesmo conhecidas como «pegadas de natação» - “AFINAL, OS DINOSSÁURIOS TAMBÉM IAM À PRAIA”.



RESUMO
Afinal, os dinossáurios também iam à praia
Tomás Alvim, Sofia Cruz, Carlos Marques – Grupo de Paleontologia, Agrupamento Escolas Paço de Arcos- 9º ano
O registo fóssil encontrado em Portugal tem-se revelado significativo e diversificado. Particularmente, o registo deixado por vertebrados Mesozóicos tem sido referido como de grande importância para o conhecimento e  compreensão de comportamentos e evolução de diversos tipos de dinossáurios. Muito importante, perante a escassez a nível  mundial, é o registo conhecido para o Jurássico médio, um intervalo de tempo em que o número de jazidas é muito escasso.
Mas, no nosso País, jazidas fossilíferas excepcionalmente notáveis, quer pela diversidade, quer pela qualidade da preservação – geralmente conhecidas por Lagerstatten («locais para descansar em paz») -  são desconhecidas. Muitos destes depósitos sedimentares exibem fósseis extraordinários com preservação excepcional, incluindo por vezes a preservação dos tecidos moles dos organismos. Tudo isto a propósito da descoberta em Dezembro de 2013, salientada por vários órgãos de comunicação social, de uma nova jazida do Jurássico médio – a pedreira da Ladeira (170 e os 166 milhões de anos). Nesta pedreira desativada, em pleno Maciço Calcário Estremenho, a grande variedade e abundância de organismos marinhos fossilizados é muito importante: três grupos de equinodermes: equinoides (ouriços-do-mar), asteroides (estrelas-do-mar), crinoides (lírios-do-mar), peixes, bivalves, crustáceos,… ., pelo que ficou conhecida como «praia Jurássica». Também é de realçar a preservação destes organismos, muitas vezes conservados como molde e contramolde, com uma qualidade espectacular – articulados, ocorrendo como elementos do seu esqueleto preservados in situ e com detalhes fantásticos. Em Março passado, aproveitando as férias da Páscoa, deslocámo-nos a esta pedreira,  de difícil localização. Embora possa não ser incluída numa Laggerstatte, os investigadores irão encontrar motivos e argumentos para justificar a excepcional preservação dos invertebrados e vertebrados marinhos ali encontrada (eventualmente o enterramento de carcaças dos organismos num ambiente anóxico com uma quantidade mínima de bactérias ou uma crise local que possa ter retardado a decomposição aeróbica e aumentado as oportunidades para um acontecimento de mortalidade em massa e de permineralização). A grande maioria dos Lagerstatten reconhecidos inclui ou restos diretos dos organismos – somatofósseis - ou vestígios das suas actividades – icnofósseis. Aqui, na pedreira da Ladeira, descobrimos também a presença de pegadas de dinossáurios num dos estratos, provavelmente deixadas numa altura de emersão e em que a coluna de água não ultrapassaria 1,5 m, com os animais deslocando-se apoiando no fundo apenas as pontas dos dedos, numa posição em que estariam quase a boiar. Estas amostras, hoje já relativamente abundantes no registo fóssil mundial, são conhecidas por «pegadas de natação». Identificámos estas pegadas de natação como deixadas por dinossáurios bípedes, provavelmente do grupo dos ornitopodes, e ainda um número reduzido de pegadas de mãos de sauropodes.








SER OU NÃO SER –IMPRESSÃO DE CAUDA DE DINOSSÁURIO

No IX Congresso Cientistas em Ação (Ciência Viva de Estremos),  4 alunos do 6º ano apresentaram  um trabalho intitulado “Ser ou não ser –impressão de cauda de dinossáurio” e receberam o prémio relativo ao 2º lugar.




Este trabalho surgiu depois de uma saída de campo às jazidas de dinossáurios da baia dos lagosteiros e da pedra da mua (Cabo Espichel, Sesimbra) e tenta explicar a origem de uma longa depressão alinhada com duas pegadas de dinossáurio colocadas lado a lado.

Resumo
SER OU NÃO SER – IMPRESSÃO DE CAUDA DE DINOSSÁURIO
Afonso Melo, João Gonçalves, João Renato, Nuno Santos – 6º ano
Grupo de Paleontologia – Agrupamento de Escolas de Paço de Arcos
Os ossos dos dinossáurios assinalam a sua morte e as transformações posteriores. Mas como é que eles viviam? Pegadas e outras impressões do corpo constituem manifestações de vida, refletindo a anatomia em acção. De fato, embora as partes duras nos digam muito sobre a estrutura corporal dos dinossáurios e até a sua provável aparência, não fornecem evidências tão concretas sobre os seus comportamentos. Assim, são os vários tipos de icnofósseis que nos permitem interpretarmos comportamentos. A sua caracterização, evidência de presença e/ou de ausência, são importantes para aumentar os nossos conhecimentos. Entre eles, as impressões de caudas permitem explicar comportamentos enquanto os animais progrediam e podem mesmo ser utilizadas para fins de classificação. Em especial, impressões de caudas associadas a marcas de agachamento – impressões de pés colocadas lado a lado, dos ossos púbicos, algumas vezes até de mãos – e impressões longas de caudas associadas a pegadas / pistas, podem ser utilizadas para determinarmos hábitos locomotores e até inferirmos dados sobre a sua anatomia. Podem mesmo contribuir para compreendermos melhor a evolução de alguns subgrupos de Dinosauria.
As primeiras reconstruções dos dinossáurios mostravam animais arrastando passivamente as caudas quando progrediam em terra. A ausência de impressões de caudas associadas com algumas pistas eram interpretadas como resultado das caudas flutuarem em águas pouco profundas, habitat supostamente preferido dos dinossáurios. Mas, de fato, os dinossáurios não arrastavam normalmente as caudas. Já na década de 70 do século passado, com base em evidências anatómicas e nos dados fornecidos pelas pistas fósseis, conhecidas em número crescente, os investigadores tinham concluído que estes répteis erguiam as caudas bem acima do solo. Mesmo sem algumas especializações anatómicas – tendões da cauda ossificados, processos as vértebras caudais que enrijeciam e reforçavam as caudas - a osteologia dos dinossáurios demonstra que as caudas permaneciam erguidas.
Mesmo assim, existem alguns casos conhecidos de impressões de caudas atribuídas a dinossáurios, embora em ínfima minoria. Entre eles, está uma impressão descoberta em 1976 na jazida dos Lagosteiros, do Cretácico inferior, e atribuída a um dinossáurio ornitópode que se teria parado (a única conhecida para o nosso país). Embora a referência a esta eventual impressão tenha sido muito resumida, nunca mais surgiu na literatura científica qualquer dado adicional. Uma saída de campo a esta jazida permitiu-nos analisar mais em pormenor a amostra e compará-la com outras conhecidas para várias jazidas a nível mundial. Este estudo permitiu-nos tentar responder a algumas questões:
. são muitos os exemplos a nível mundial de impressões de caudas de dinossáurios?
. estas marcas podem subdividir-se conforme o comportamento dos seus autores?
. as impressões de caudas podem ser atribuídas a todos os grupos de dinossáurios?
. podemos distinguir as impressões das caudas conforme o grupo autor?
. quais as características típicas das impressões atribuídas a caudas?
. que comportamentos podem ser inferidos a partir destas amostras?
. podem ser estabelecidos alguns critérios para a definição de “impressão de cauda”?
. estes critérios estarão presentes na impressão descoberta na jazida dos Lagosteiros?



Os alunos dos 7º ano concorreram ao IX Congresso Cientistas em Ação, com o projeto “O Boltosaurus português”.


Os alunos do 7º ano do Grupo de Paleontologia apresentaram neste Concurso um trabalho sobre as velocidades estimadas dos dinossáurios conhecidos para Portugal, tendo como base a observação de uma pista de um carnívoro bípede na jazida dos lagosteiros (Sesimbra) – “O BOLTOSAURUS PORTUGUÊS”.



RESUMO

O BOLTOSAURUS PORTUGUÊS
Maria Beatriz, Marta Ribeiro, Rafael Canas, Vasco  Santinho
Grupo de Paleontologia – Agrupamento de Escolas de Paço de Arcos – 7º ano
Inferir comportamentos para animais modernos é difícil; mas para animais extintos é muito mais complexo. Perseguir e capturar presas é um fator vital de sobrevivência dos predadores; conseguir fugir destes e evitar ser morto é também muito importante para as presas. Por outro lado, desde há muito que a questão controversa sobre o estatuto fisiológico dos dinossáurios está em debate – sendo considerados como animais ectotérmicos, seriam geralmente animais lentos; sendo homeotérmicos, poderiam deslocar-se em certas alturas a velocidades relativamente elevadas. Assim, não surpreende que a velocidade de deslocação de animais extintos tenha tanto interesse para os paleontólogos. Sendo as pegadas / pistas fósseis o reflexo direto dos movimentos destes animais, o registo icnológico constitui a base para inferências de comportamentos deste tipo.
Depois dos nossos colegas do Grupo de Paleontologia terem descoberto uma pista de um terópode de grandes dimensões que se deslocava a velocidade relativamente rápida, uma saída de campo à jazida dos Lagosteiros (Sesimbra) colocou-nos vários  desafios – qual a velocidade máxima reconhecida para os dinossáurios que deixaram pistas no nosso País? E eram bípedes? De que tipo? E as suas dimensões corresponderiam a que portes? Para respondermos a estas questões fizemos um levantamento dos dados conhecidos, estudámos em pormenor uma pista de terópode da jazida dos Lagosteiros e comparámos os resultados com o que é conhecido para muitas outras icnojazidas espalhadas pelo mundo.




Obtiveram o 1º lugar para o escalão – 3º ciclo, ex aequo com os alunos do 9º ano.






SAÍDA DE CAMPO À JAZIDA DA LADEIRA (CONCELHO DE PORTO DE MÓS)

Alunos do 9º ano do Grupo de Paleontologia deslocámo-nos, numa saída de campo, em plenas férias da Páscoa, à jazida da Pedreira da Ladeira, Porto de Mós. Em Dezembro de 2013 surgiram várias noticias referindo a descoberta nesta pedreira de uma “verdadeira praia Jurássica” – os seus antigos habitantes eram estrelas do mar, ouriços, peixes, crinóides, crustáceos, bivalves, …., preservados de forma excelente, com pormenores pouco vulgares e em grande número.  Estes antigos habitantes frequentavam cerca de 2000 metros quadrados de um antigo fundo marinho / praia, local que não devia exceder os 2 metros de profundidade. Num dos estratos calcários são observáveis ripple-marks ou seja marcas de ondulação, que analisadas em pormenor fornecem dados importantes sobre a origem do vento, o sentido da deslocação das águas, o tipo de agitação, naqueles tempos já distantes – cerca de 165 milhões de anos (Jurássico médio).

Os principais objectivos desta saída eram: observar estes fósseis; reflectir sobre a sua preservação excepcional; tentar encontrar explicações para esta grande diversidade e grau de preservação superior.

No decorrer das observações  fomos notando que num dos estratos ocorriam marcas de pés de animais de porte médio, vertebrados. Pouco tempo depois e perante a ocorrência de várias destas marcas com morfologias e dimensões semelhantes, começámos a compreender que estávamos perante pegadas de dinossáurios tridáctilos, quase sempre deixando apenas as marcas impressas das extremidades distais dos dígitos. Em raros casos a parte posterior das pegadas ocorre também permitindo confirmar a sua origem – pegadas deixadas por dinossáurios ornitópodes (bípedes quase sempre e herbívoros), de dimensões médias, que se terão deslocado com uma coluna de água com cerca de 1,5 m de altura. Os animais progrediam tocando no fundo marinho apenas as pontas dos dedos, como se estivessem quase boiando. Descobrimos ainda duas pegadas de mãos de saurópodes (quadrupedes quase sempre gigantescos), que podem (ou não) estarem também relacionadas com uma deslocação dentro de água a alguma profundidade.


Desta forma, a jazida da Ladeira fornece um quadro mais amplo da vida numa planície litoral durante o Jurássico médio – para além dos abundantes animais marinhos, a praia era também visitada por dinossáurios que, embora não fossem animais bem adaptados à vida aquática, tentariam atravessar essas águas, quem sabe se numa tentativa de fuga de predadores ferozes…